Isolamento, desemprego e miséria ao longo da BR-163
Paulo Leandro Leal
As chuvas que caem constantemente na região oeste do pará contribuem para o aumento da crise econômica, que já começa a gerar miséria ao longo da estrada federal. Na cidade de Novo Progresso, por exemplo, onde funcionavam mais de 70 indústrias madeireiras e o desemprego era quase zero, hoje existe uma multidão de pessoas sem alternativas econômicas, que agora foram ainda mais afetadas pelas chuvas. Sem estradas, não há como escoar a produção e os moradores de estradas vicinais ficam completamente isolados.
O prefeito Tony Fábio disse que todo dia acontecem assaltos e casos de violência, o que antes não acontecia. Ele decretou situação de emergência há mais de 20 dias e afirma que a situação é ruim, porque existe uma crise econômica agravada com as chuvas. Os pequenos agricultores que moram em assentamentos rurais cobram o conserto das estradas vicinais. Líderes do assentamento Santa Júlia, por exemplo, reclamam que a cada dia a situação piora e que eles já não têm mais a quem recorrer.
No distrito de Castelo de Sonhos, município de Altamira, a situação é bem pior. Cerca de 1700 famílias estão desempregadas e se transformaram em sem terras. O radialista Douglas Araújo dá a dimensão do problema. "Estamos fazendo inúmeras campanhas para arrecadar alimentos, roupas, remédios e dinheiro para as pessoas irem embora daqui. A situação é grave e ninguém tem mais dinheiro", diz o radialista, que apela à solidariedade para ajudar as pessoas que todos os dias aparecem na rádio. "Outro diz veio uma moça de 16 anos que pesava 26 quilos. Estava doente, mas a família não tem dinheiro para tirá-la daqui", lamenta, denunciando que com os atoleiros na rodovia, a passagem fica mais cara, o que complica ainda mais a vida dos moradores.
O que poderia melhorar um pouco a situação de algumas famílias seria a liberação de crédito para um grupo de mais de 400 famílias assentadas pelo Incra no ano passado em uma fazenda na margem esquerda da rodovia. O assentamento, no entanto, se transformou em um acampamento improvisado onde os colonos vivem em situação de miséria.
Eles não tem água potável, comida e nem casas onde morar. As fortes chuvas deterioram as estradas e dificultam a locomoção dos colonos, aumentando o sofrimento. Na margem da rodovia, é comum ver barracas de lonas feitas por desempregados que vivem de doações. Um cenário de miséria que contrasta com a região rica em recursos florestais e que, há apenas dois anos, era a responsável por mais de 40% da produção madeireira de toda a Amazônia brasileira.
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