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Saturday, May 20, 2006

Greenpeace é repelido em Santarém


Protestos de ambientalistas contra os sojeitos incendiaram os ânimos. A Polícia Federal prendeu 16 ativistas. O navio "Artic Sunrise" (ao lado), do Greenpeace, foi ancorado em frente ao terminal operado pela empresa Cargill.
Os incidentes iniciaram a partir da noite de sábado, quando ativistas do Greenpeace realizaram, na orla de Santarém, a exibição de um documentário. A tela de projeção, instalada no toldo de um pequeno barco, foi alvo de rojões disparados por jovens, como forma de protestos a presença da Ong na cidade.
Durante a semana, o Greenpeace realizou diversas atividades culminando com a invasão do porto graneleiro da Cargill, quando mais uma vez, seus ativistas foram atacados pela população, que chegou a realizar uma manifestação contrária as atividades do Greenpeace, em forma de um carreata de aproximadamente 6 Km de extensão pelas ruas da cidade.
O Sindicato Rural de Santarém (Sirsan) divulgou nota ontem de repúdio ao que classifica de violação das normas da navegação e da lei dos portos por ativistas do Greenpeace 'que tomaram de assalto um porto licenciado de acordo com as normas internacionais de segurança'. A ação dos ambientalistas foi classificada pelo sindicato como demonstração de violação das normais internacionais das quais o Brasil é signatário.
A nota, assinada pelo presidente do Sirsan, Adinor Batista, repudia agressões físicas das quais foi vítima o funcionário da, Gilmar Tirapelle, momento após os ativistas de o Greenpeace terem escalado as torres de sustentação das correias transportadoras do terminal. O Sirsan diz reconhecer que Estado democrático do Brasil permite a todos a manifestação pública de suas opiniões e lamenta que alguns manifestantes tenham cometido excessos durante os protestos pró-soja ocorridos após a violação do porto da Cargill.
O sindicato diz ainda não concordar com a proposta de extinção da cultura da soja na Amazônia, mas que defende conceitos e ações concretas pelo desenvolvimento sustentável. 'O Sirsan não representa os vilões do desmatamento da Amazônia, muito ao contrário, representa os produtores que produzem alimentos saudáveis para consumo de nosso povo', finaliza a nota do sindicato rural.
Um documento com 122 assinaturas de produtoras rurais de Santarém foi enviado ontem ao bispo de Santarém, Dom Lino Vombommel, protestando contra a discriminação da igreja com relação aos produtores de grãos da região. No abaixo-assinado, as produtoras manifestam mágoa, tristeza e revolta pela forma como suas famílias estão sendo tratadas por alguns representantes da Diocese santarena. Elas alegam que enfrentam um problema ambiental herdado de culturas passadas, porque as áreas utilizadas para agricultura e pecuária já haviam sido devastadas pelos migrantes que chegaram à região há mais ou menos 50 anos.
“Não somos grileiras, nem inescrupulosas e também não expulsamos ninguém de suas terras. As pessoas que venderam as suas benfeitorias, assim fizeram por falta de estrutura básica para a própria sobrevivência, como água, estradas, escolas, saúde, apoio de políticas públicas. Temos filhos e família, estamos preocupadas também com nosso futuro. Não queremos, nem vamos destruir nosso ambiente, como está sendo divulgado, pois precisamos dele”, reclamam.
Elas afirmam que trabalham pelo desenvolvimento sustentável e colaboram com a economia e a melhoria da qualidade de vida. “Será que as pessoas que estão nos criticando não conseguem perceber as mudanças sociais que realizamos nas comunidades em que convivemos, como estradas, escolas, gerando empregos diretos e indiretos e até mesmo ajudando em diversas obras a própria Igreja?”, questionam, afirmando que são católicas por gerações trabalham com a terra, como agricultoras e pecuaristas, nunca em nenhuma parte desta grande história, foram tão discriminadas.
Elas reclamam que estão sendo induzidas a sentirem-se culpadas por produzirem “alimentos para todos os que falam contra nós, por colocarmos o arroz, o feijão, a carne, o pão, a margarina, o óleo e tudo o mais, não só na mesa do cidadão desta cidade, mas do estado, do país e do mundo. Quem vive sem alimento?”. Reclamando que estão sendo tratadas como se tivessem alguma doença contagiosa ou estivessem fazendo algo errado. “Será que é errado trabalhar de sol a sol para sustentar nossa família?”Dizendo-se discriminadas dentro da própria casa de Deus, elas lembram que a Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema “Levanta-te e vem para o meio”, que aponta a exclusão social como discriminação.

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