ONGs querem maior envolvimento dos cidadãos contra a roubalheira
CAROLINA MENEZES
Na semana em que Belém ganha seu Observatório Social da Despesa, comemorou-se o Dia Internacional de Combate à Corrupção, e num ano em que poucas vezes se viu um clamor popular tão forte para mudar um pouco a idéia de que o Brasil é um país corrupto - embora ainda estejamos lá no alto no ranking dos mais afetados pelo problema.
Para o coordenador da Controladoria Geral da União (CGU) no Estado, Maurício Borges, estamos em uma evolução positiva nesse sentido, mas para o diretor-executivo do portal Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, é ilusão achar que a sociedade irá, um dia, militar pela causa. "Os mecanismos para manter todo mundo de olho nas contas públicas existem, mas as pessoas não conhecem. Temos o portal Compras Net, o próprio Observatório Social, o Transparência Brasil, desconhecidos ainda para a maioria, e que são instrumentos que nos antecipam situações de corrupção", explica Borges. "Essas ferramentas, inclusive, nos ajudam a fiscalizar os órgãos, a ir em cima quando algo não está sendo cumprido, feito devidamente. Mas acho que a população está mudando, está de conscientizando. O Brasil é um país novo, ainda não chegamos ao ponto desejado, mas as coisas estão melhorando", afirma.
Para coordenador da CGU no Pará, 2010 se constitui num ano emblemático para essa luta. "A Lei da Ficha Limpa é um ícone disso porque é uma lei de iniciativa popular, é o povo dizendo ‘eu não quero isso’. Esse empenho da sociedade, unido ao trabalho conjunto hoje realizados entre Polícia Federal, CGU, Ministério Público, Tribunal de Contas e entidades e ONGs que prezam por essa transparência, vai, com certeza, gerar cada vez mais resultados de agora em diante", adianta Marcelo Borges. "Há muitas investigações em andamento, as pessoas estão denunciando mais, nos procurando mais, confiando no nosso trabalho, de modo que essas informações que nos passam já nos permitem começar uma investigação com dados privilegiados, economizando homens-hora e uma série de outros investimentos que podem ser direcionados a outros setores", analisa.
"É preocupante, sim, é frequente, as pessoas falam, mas esse protagonismo cabe ao Estado, e não à sociedade. Dizer que as pessoas são as reais responsáveis pelas mudanças que estão acontecendo é um exagero. É besteira achar que vai haver passeata ou algo do tipo", dispara Abramo. "O que acontece é que as organizações, as gestões estão respondendo mais diante de mais intervenções e sugestões populares", diz.
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